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Aqui nos Estados Unidos existe uma fruta suculenta e deliciosa chamada grapefruit, um tipo de toranja. Eu nunca tinha ouvido falar dela até que uma visita, hospedada em nossa casa, comprou algumas e nos ofereceu para experimentar. Meus meninos adoraram! Desde então, sempre pediam para que eu comprasse quando fosse ao mercado.

O único problema era que, toda vez que me deparava com a grapefruit nas prateleiras, eu simplesmente passava direto — mesmo com uma pontinha de culpa no coração.

O motivo? Apesar do sabor refrescante, a película fina que envolve cada gomo é extremamente amarga. Meus filhos, ainda pequenos, pediam que eu retirasse cada uma dessas peles para que pudessem comer com prazer.

E eu — naquela época com três crianças pequenas — achava um desperdício de tempo ficar sentada por quase uma hora em volta da mesa, apenas descascando toranja. O mercado está cheio de frutas práticas e fáceis de servir... Por que, então, “perder tempo” com a grapefruit?

Voltava para casa sem a fruta, e quando eles perguntavam, respondia:
— Dessa vez, não comprei.

A exceção era quando eles iam comigo ao mercado. Ao verem a fruta, pediam animados. Eu hesitava. Não queria comprar, mas também não queria admitir o verdadeiro motivo. Então, constrangida, acabava levando.

Na minha ignorância, eu não sabia que aquele tempo ao redor da mesa — que eu considerava uma perda — era, na verdade, um presente.

Não sabia que, entre cascas e risadas, estávamos criando memórias. Que aquele momento era de conexão, de aconchego, de escuta.

Não sabia que, ao repartir a fruta, estávamos repartindo também nossas ideias, nossos pensamentos, nossas vidas.

Não sabia que meus filhos, em breve, aprenderiam a descascar suas próprias grapefruits, com habilidade e independência, sem precisarem mais de mim.

Não sabia que nenhum tempo ao lado deles é tempo perdido. E que muitas das coisas que eu julgava importantes... talvez nem fossem.

Hoje, aprendi a apreciar os momentos ao redor da mesa — até mesmo os mais simples. Sempre que vou ao mercado, coloco vários quilos de grapefruit no carrinho. Porque essa fruta me ensinou que não estou numa corrida contra o tempo. E que eu posso, sim, me dar o luxo de sentar, com calma, por uma hora, só para descascar fruta para meus filhos.

Minha antiga pressa me faz lembrar da atitude dos discípulos de Jesus. Eles pensavam que Jesus era importante demais para perder tempo com crianças.

Mas Ele mostrou o contrário:

“Então, trouxeram crianças para que Jesus pusesse as mãos sobre elas e orasse. Mas os discípulos os repreendiam.
Jesus, porém, disse: ‘Deixem que as crianças venham a mim e não as impeçam, pois o Reino dos Céus pertence aos que são como elas.’
E, antes de partir, pôs as mãos sobre a cabeça delas e as abençoou.”
(Mateus 19:13-15)

Jesus não se achava ocupado demais para se conectar com os pequenos.

Que a gente também se lembre disso quando nossos filhos nos chamarem para ler um livro, jogar bola ou simplesmente pedirem atenção com um “Olha eu, mãe! Olha eu!”.

Por Tathiana Schulze
Jornalista e Escritora

 

 

 

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